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quarta-feira, 13 de março de 2013

NOÇÕES BÁSICAS SOBRE SEMICONDUTORES - Parte II


CONDUTORES, ISOLADORES E SEMICONDUTORES

  Diz-se que uma determinada substância é electricamente condutora se,
quando se lhe aplica uma diferença de potencial, os electrões deslocam-se li-
vremente produzindo transferências de cargas (corrente eléctrica). Como
exemplo temos o Cobre (Cu), o Ouro (Au), o Ferro (Fe), etc.

Nos casos em que tal não acontece, define-se a substância como isolado-
ra. Estão neste caso, a porcelana, a baquelite, a maioria dos plásticos e re-
sinas sintéticas, a borracha, etc.

Todavia, existem outros elementos e substâncias cuja resistência eléctri-
ca se situa entre a dos bons condutores e a dos isoladores. São denomina-
dos por semicondutores, designação oriunda do princípio do século e dada
às substâncias que não se encaixavam na classificação, demasiado rígi-
da, de bons e maus condutores de electricidade. Para estes materiais ve-
rificava-se que a corrente passava ou não passava por razões totalmente
inexplicáveis para a época. Estavam nesta situação elementos como o Se-
lénio ou o Germânio e compostos como o Óxido de Cobre e os Sulfuretos
de Chumbo e de Prata.


Esquemas das estruturas atómicas dos átomos de Silício (Si), Selénio (Sn) e Germânio (Ge).


















Hoje em día, tais fenómenos já não constituem segredo e são eles que es-
tão na base da grande revolução operada na Electrónica. Se analisarmos a
estrutura atómica de um átomo de Germânio (Ge), de Silício (Si) ou de Se-
lénio
(Sn) verificamos que têm uma característica comum; Todos possuem 4
electrões de valência, o que implica que cada átomo fique ligado a outros 4
átomos pelos enlaces covalentes dos seus electrões de valência. A valência
é uma propriedade importante dos átomos e indica o número de átomos de
Hidrogénio que se poderiam combinar com os átomos de outro elemento. O
número de electrões da última camada de um átomo (órbita mais afastada)
indica a valência deste.

Voltando aos semicondutores, temos que no estado puro estes elemen-
tos são cristais, pois os átomos ocupam lugares bem definidos e dispõem-
-se a distâncias regulares entre si, constituindo, deste modo, uma rede
cristalina. Os electrões formam uma interligação covalente estabelecendo
assim uma perfeita simetria. 

A Covalência, ou ligação com pares de electrões partilhados, é a designação
dada a uma determinada forma de ligação de 2 átomos. Neste tipo de ligação, 
os átomos ficam com as respectivas últimas camadas de electrões totalmente
preenchidas por partilharem, simultaneamente, um par de electrões comuns. 
O exemplo mais simples é a molécula de hidrogénio, onde dois elec-
trões, pertencendo cada um a um átomo, são postos em comum e formam
uma ligação entre os átomos, cujas camadas de electrões ficam satura-
das.


Textura cristalina de um átomo de
Sil
ício.

 No estado puro, os átomos destes
cristais apresentam os seus electrões
de valência todos interligados, fican-
do com as últimas camadas completa-
mente preenchidas . Nesta situação, 

o cristal comporta-se como se fosse
 um isolador, já que não é possível
 estabelecer um movimento de
portadores de carga que originasse
uma corrente eléctrica. Contudo, isto
só é verdade para uma temperatura de
zero graus absolutos (correspondente 
a - 273,15° centígrados
). A temperatu-
ra ambiente, algumas destas ligações covalentes desfazem-se (visto que a
energia fornecida por essa temperatura é suficiente para libertar alguns dos
electrões de valência, na proporção de 1 para 10 biliões de ligações) o que ori-
gina um movimento de cargas eléctricas no interior do cristal. Todavia, não
é uma corrente significativa, pois não obedece a um movimento ordenado e
orientado de electrões. Em condições normais, não se pode fazer passar
uma corrente através da estrutura cristalina do Germânio ou do Silício pu-
ros, pois é muito estável. Isto deixa de acontecer quando os citados cristais
são submetidos a uma temperatura algo elevada. Neste caso, eles tornam-
-se condutores sob uma tensão eléctrica aplicada. A condução é tanto maior
quanto mais elevada for a temperatura.

O cristal de Germânio é muito mais sensível à temperatura do que o cristal
de Silício. Logo, em igualdade de temperatura e de tensão aplicadas, o Ger-
mânio
é mais instável que o Silício

Quando se aquece um cristal semicondutor, os electrões de valência entram
num estado de agitação que facilita a sua separação das ligações covalentes.
Por outro lado, quando por efeito da tensão eléctrica aplicada a um cristal
semicondutor puro se origina uma corrente eléctrica, esta tem uma inten-
sidade quase insignificante à que se obtém se contivesse determinado tipo
de impurezas. Este assunto será devidamente referido um pouco mais à frente.

São estas características que levam a considerar estes elementos como
semicondutores. No entanto, outras propriedades permitem distinguir os
semicondutores puros (ou intrínsecos) dos bons condutores:

A resistividade num bom condutor aumenta com a temperatura, en-
quanto que num semicondutor sucede o contrário, pelo que se diz que estes
apresentam um coeficiente de temperatura negativo. 

A incidência da luz num cristal semicondutor vai originar uma corrente eléctrica
(fotocondutividade). Esta característica não se verifica para um bom condutor.


Esquema das ligações covalentes
dos átomos de valência de um semicondutor pu-
ro.




























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( Fim da segunda parte )



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