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segunda-feira, 18 de março de 2013

APLICAÇÕES COM DÍODOS DE JUNÇÃO


São inumeráveis as aplicações de Díodos de junção PN. Entre as mais
comuns, figuram a rectificação de potência, a regulação da tensão em fon-
tes estabilizadas e obtenção de capacidades variáveis com a tensão. De
facto, um dispositivo que possui a virtude de se deixar percorrer pela cor-
rente num sentido e de se lhe opor no outro é extremamente útil na Electró-
nica em geral. Nos circuitos da Electrónica Digital, os Díodos, encarados
como componentes discretos, cumprem normalmente as mesmas fun-
ções já aqui apontadas. No entanto, já tiveram uma função importante no do-
mínio das tecnologias integradas digitais, pois uma das primeiras destas
tecnologias (a D. T. L — Diode Transistor Logic) baseava-se fundamental-
mente nestes componentes. No III capítulo deste curso — As famílias digi-
tais de circuitos integrados — tere-mos oportunidade de falar sobre este
assunto.

Vamos referir alguns exemplos de aplicações de Díodos, relacionadas
tanto com a Electrónica Analógica como com a Digital.

  

CIRCUITOS DE RECTIFICAÇÃO


Como sabe, a condução num Díodo só se verifica quando o ânodo está a um po-
tencial positivo, relativamente ao cátodo. O Díodo bloqueia a corrente quan-
do o cátodo está positivo em relação ao ânodo.
Esta unidireccionalidade dos Díodos é especialmente utilizada na con-
versão de correntes alternadas em contínuas (rectificação). Basta ver que
a grande maioria dos circuitos electrónicos activos necessitam de uma fon-
te de alimentação contínua para a polarização ou alimentação dos Transis-
tores, Amplificadores Operacionais ou outros circuitos integrados. Essa ali-
mentação contínua (D. C.) pode ser obtida a partir da energia da rede (A. C.
220 ou 110 Vef — 50 Hz ou 60Hz respectivamente) depois de devidamente

transformada e convertida em corrente contínua, através de Díodos rectificadores.

Há inúmeros circuitos rectificadores. Vamos rapidamente referir aqui os
três tipos mais vulgares.



CIRCUITO RECTIFICADOR DE MEIA ONDA


O processo prático mais simples para contruir um circuito rectificador está
ilustrado na Fig. A. Vamos rapidamente analisar o funcionamento deste circuito:


Fig. A Circuito eléctrico dum Rectificador
de 1/2 onda.


Suponha que aplica à entrada deste circuito (A) um sinal eléctrico com uma forma de onda sinusoidal (Fig. B — I). Quando a tensão sinusoidal está na sua alternância positiva, o Díodo conduz. Então, na Resistência (ponto B) regista-se uma tensão equivalente à da entrada. Se a alternância for a negativa, o Díodo fica ao corte e a tensão na Resistência é nula. Se olhar para o gráfico da Fig B — II), é fácil compreender a razão por que se chama a este circuito "Rectificador de meia onda". Verif ica-se, contudo, que a tensão alternada não foi ainda convertida numa tensão contínua. Para isso, emprega-se um Condensador para filtrar a componente alternada à saída do Rectificador (Fig. C). Este Condensador carrega-se até ao valor de pico (Vm) da tensão alternada, através do Díodo.
Descarrega-se sobre a Resistência durante o intervalo de tempo em que o Díodo está ao corte.



Fig. B I) Tensão sinusoidal aplicada à en-
trada do circuito Rectificador. II) Rectificação
em meia onda dessa tens
ão. Ill) Rectificação è
filtragem em meia onda da tensão sinusoidal.
Fig. 29  C Circuito eléctrico dum Rectificador
de 1/2 onda com filtragem capacitiva.
















Portanto, um Rectificador de meia onda fornece uma tensão de saída
com uma componente alternada apreciável. Para uma rectificação mais pre-
cisa Utiiizam-se circuitos rectificadores ligeiramente mais complexos, de-
nominados Rectificadores de onda completa. Vamos referir os dois tipos básicos: 

Rectificador de onda completa com transformador e o Rectificador de Onda Completa em ponte de Graetz.


RECTIFICADOR DE ONDA COMPLETA COM TRANSFORMADOR 

Na Fig. D apresenta-se o esquema deste circuito. Analisando os gráficos das
tensões eléctricas tomadas na entrada (Vj) e na saída (V0) desta montagem
(Figs. E — I e III), verifica-se que há uma duplicação da componente po-
sitiva da forma de onda(V0) aplicada na carga (R). O transformador, neste
circuito, dispõe duma tomada ou derivação no ponto médio do enrolamen-
to secundário, para assim fornecer duas tensões sinusoidais (V1 e V2)
com a mesma amplitude, mas desfasadas de 180° (em oposição de face —
ver Fig. E - II). 


Fig.  D— Circuito eléctrico dum Rectificador
de onda completa com Transformador

Durante o semiciclo em que V1 é po-
sitivo, o Díodo 1 conduz. Se conside-
rarmos os Díodos como elementos
ideais (do ponto de vista que, mal lhes
é aplicada uma tensão positiva entram
logo em condução) teremos que a ten-
são à saída (VO) é igual à tensão de en-
trada durante o semiciclo em que V1 é
positivo e o Díodo 2 está cortado. Du-
rante o outro semiciclo, em que V1 é
negativo e V2 é positivo, o primeiro
dos Díodos fica ao corte enquanto que
o Díodo 2 conduz. Deste modo, a ten-
são à saída (Vq) segue V2, como se vê na Fig. E — III. Em conclusão, a com-
ponente contínua da corrente de carga dum Rectificador de onda completa é,
obviamente, o dobro da que seria obtida por um Rectificador de meia onda,
desde que a tensão alternada à entra da seja a mesma e de que o Transfor-
mador tenha uma relação de transformação de 1:1:1 ( Sobre este assunto 
falaremos num capitulo dedicado aos transformadores).


Fig. E I) Tensão sinusoidal aplicada à en-
trada do circuito rectificador. II) Tensões V1 e V2
obtidas no secundário do transformador. Ill)
Tens
ão à saída (V0) Rectificada. IV) Tensão à
saída filtrada.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

RECTIFICADOR DE ONDA COMPLETA COM PONTE DE GRAETZ

 A utilização de ambas as fases da tensão de entrada pode ser conseguida sem o uso do transformador, por intermédio do circuito com quatro Díodos em  Ponte de Graetz, que está representa do na Fig. F

Fig. F Circuito eléctrico dum Rectificador
de onda completa com Ponte de Graetz


Observando este circuito conclui-se que, quando a tensão à entrada (Va) é positiva, os Díodos 2 e 3 conduzem, enquanto que os Díodos 1 e 4 ficam cortados. Deste modo, o terminal superior da Resistência (R) fica em ligação directa com o terminal (A) onde está aplicada a tensão de entrada. Então a tensão aplicada à Resistência é a correspondente à tensão aplicada na entrada durante o semiciclo positivo. Por outro lado, quando a tensão (Va) é negativa, os Díodos 1 e 4 conduzem, ao passo que 2 e 3 ficam cortados. O terminal superior da carga fica agora ligado ao terminal (B) onde é aplicada a tensão. Na Resistência é aplicada uma tensão simétrica proporcional da alternância negativa da tensão de entrada (ver Fig. G — I, II).



E claro que, se colocarmos em paralelo com a Resistência o Condensador de filtragem já mencionado no Rectificador de meia onda, se consegue atenuar bastante a ondulação registada na saída dos Rectificadores de onda completa e obter uma componente contínua muito mais rigorosa. Na lição seguinte, descreveremos algumas aplicações digitais com Díodos. 

Fig. G - I) Tensão sinusoidal aplicada a entra-
da do circuito rectificador. II) Tensão a saída
(VR)rectificada. Ill) Tensão a saída filtrada.






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